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Luís Gomes
Luís Gomes
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No início do século XXI, os bancos comerciais continuam a usar a mesma metodologia de registo de há milénios. No mundo romano, os sacerdotes foram os primeiros banqueiros, em virtude da presença regular do exército romano nas imediações dos templos.

Os cidadãos abastados depositavam o seu Ouro junto de templos administrados por sacerdotes. Para tal, estes tinham um livro onde registavam estas operações: por exemplo, 5 Kg pertencem ao Cliente A.

Ao fim de algum tempo, em particular com um número crescente de clientes, o Cliente A deixaria de ser obrigado a levantar o seu Ouro para realizar um pagamento ao Cliente B, pois este já seria cliente do Templo. Assim, bastaria solicitar ao Sacerdote do Templo, o nosso banqueiro, que procedesse a uma simples alteração nos seus registos: em lugar de 5 Kgs pertencentes ao cliente A, apenas 4Kgs devem constar a seu favor (a crédito), já que 1Kg deverá ser transferido para o cliente B (débito do A e crédito do B).

Para não ter problemas com o cliente A, havendo o risco de este reclamar que este movimento não estivesse correcto, o banqueiro iria certamente solicitar um documento assinado, em que afirma ser sua intenção transferir a propriedade de 1 Kg para o cliente B.

Dos serviços bancários resultam do sobredito

  1. Custódia de activos, neste caso Ouro, com o fim de garantir a segurança dos mesmos;
  2. Fiel de armazém, em que o banqueiro conhece a todo o momento a quem pertence o Ouro à sua guarda; para definir o “espaço” de cada cliente no armazém, os bancos desenvolveram o conceito de conta bancária, uma combinação de letras e números associada a um dado cliente. Para alterar a propriedade dos bens à sua guarda, procede ao débito e crédito das contas dos clientes.

Riscos do sistema bancário

Não sendo exaustivo, para o cliente, vários riscos associados a esta metodologia podem ser elencados:

  • Perda dos registos, em resultado de um desastre (incêndio, guerra…) ou da actuação humana (negligência, roubo dos registos…). Recordemo-nos que este registo é centralizado, ou seja, está confiado uma entidade: o Templo no tempo romano, os bancos actualmente;
  • A entrada de um dado registo no livro pode conter erros, como, por exemplo, o montante ou o nome do ordenante, podendo, a todo o momento, o sacerdote editar, modificar ou apagar os registos;

Os bancos modernos, apesar de agora possuírem modernos computadores e servidores, não eliminaram os riscos mencionados: continuam a ser uma entidade com um registo centralizado, a quem confiamos o nosso dinheiro. A possibilidade de negligência ou fraude continua tão presente como há 2000 anos.

Segurança do sistema bancário

Para “atenuá-los”, o actual sistema financeiro introduziu duas camadas de “segurança”: 

  • a criação do Banco Central, responsável por “policiar” a actuação e solvência dos bancos; 
  • o seguro de depósitos, em que Estado, através de um fundo capitalizado com as remessas dos bancos – de acordo com o número de clientes, contas e valores à sua guarda -, garante um determinado valor do depósito – no nosso caso 100 mil Euros -, caso o banco se torne insolvente, incapaz de converter em dinheiro ou transferir para outros bancos os depósitos integrais que tem à sua guarda.

Estas soluções não só não eliminaram os riscos já mencionados como tornaram o actual sistema bancário muito oneroso, associando-se uma “falsa sensação de segurança”. 

A manutenção de Bancos Centrais envolve um elevadíssimo número de funcionários, altamente bem pagos, que não evitaram ao longo de décadas falências e escândalos (Lehman Brothers, BES, BPN…), resultantes quase exclusivamente da prática de reservas fraccionadas, que por mais polícias que existam será sempre altamente instável.

Por outro lado, os valores existentes nestes fundos estatais de garantia de depósitos representam uma ínfima parte do valor de depósitos existentes no sistema; ou seja, em caso de uma corrida aos bancos, nada na verdade aí existe que possa proporcionar um sono tranquilo.

A revolução da tecnologia blockchain

A tecnologia blockchain veio revolucionar tudo isto, sendo a mais conhecida Criptomoeda do mundo, o Bitcoin, a utilizá-la. Como funciona? Em que medida soluciona os problemas aqui apontados?

Em primeiro lugar, trata-se de uma base de dados descentralizada, em que qualquer pessoa com um computador pode aderir à rede Bitcoin – cada computador corresponde a um nodo da rede. 

A base de dados com todos os movimentos das contas bancárias – neste caso endereços (wallet) – encontra-se na sua versão integral em todos os nodos da rede, e não apenas nos servidores de um dado banco comercial – base de dados centralizada.

Uma base de dados descentralizada não é mais que a existência de cópias espalhadas por milhões de computadores, a mesma versão em milhões de máquinas que fazem parte da rede, sendo esta tanto mais segura quanto maior o número de nodos.

Uma base de dados desenvolvida em tecnologia blockchain pode ser consultada na sua integridade a qualquer momento e por qualquer pessoa, por outras palavras: é pública. Basta uma ligação à Internet para se poder consultar todos os movimentos ocorridos num dado endereço (wallet)

Mesmo assegurando o anonimato das pessoas singulares ou colectivas por detrás das contas bancárias, nenhum banco publica tal informação. Além disso, um alto funcionário do banco pode sempre editar, modificar e apagar a informação que consta na base de dados – o poder do Sacerdote com os seus registos. Não só um alto funcionário, um pirata informático também pode alterar ou apagar registos: histórias destas não faltam!

Isso não acontece no blockchain, uma vez fechado um bloco – já irei explicar -, essa informação, apesar de pública, nunca pode ser modificada, apagada ou tão pouco editada.

Num registo público de casas, por exemplo, o registo predial, deve existir o histórico de todas as transacções, cada uma com uma determinada data, um comprador e um vendedor, havendo uma sempre uma sequência temporal. 

A última transacção permite conhecer o actual proprietário. A tentativa de fraude sobre uma base de dados consiste na modificação da sequência temporal das transacções. Utilizemos um exemplo:

  • No dia 1, Cidadão A compra a casa X, após a construção desta;
  • No dia 5, Cidadão B compra a casa X ao Cidadão A;
  • No dia 10, Cidadão C compra a casa X ao Cidadão B;
  • No dia 15, Cidadão D compra a casa X ao Cidadão C.

Vamos imaginar que o cidadão B deseja praticar uma fraude, alterando os registos, por forma a obter novamente a propriedade da casa. Faria então o seguinte:

  • No dia 1, Cidadão A compra a casa X, após a construção desta;
  • No dia 5, Cidadão C compra a casa X ao Cidadão A;
  • No dia 10, Cidadão D compra a casa X ao cidadão C;
  • No dia 15, Cidadão B compra a casa X ao cidadão D.

Este tipo de fraudes obriga sempre a apagar todos os registos até praticamente à origem, caso contrário, o erro seria detectado com facilidade. Após a modificação, o histórico tem de ser coerente para a versão pretendida pelo defraudador – agora denominados de Piratas Informáticos.

À prova de fraudes

A tecnologia blockchain obriga a que o histórico de transacções fique agrupado em blocos, visando evitar este tipo de fraudes. Na realidade, cada bloco agrupa um conjunto de transacções, o selo que fechou o bloco (o hash) e o selo que fechou o bloco anterior (o hash do bloco anterior), por essa razão, o conceito de cadeia de blocos – actualmente a abertura e o fecho de um bloco demora aproximadamente 10 minutos na rede Bitcoin.

No caso da rede Bitcoin, o fecho de um dado bloco é altamente competitivo, já que o nodo que fecha um dado bloco recebe como prémio novos tokens (Bitcoins), ou seja, ocorre a emissão de Bitcoins. À medida que nos aproximamos dos 21 milhões de Bitcoins, o fecho de cada bloco remunera um número cada vez menor de Bitcoins o “nodo vencedor”.

Em redes como o Bitcoin, onde existe um elevado número de nodos, todos podem competir pela resolução de um problema matemático, que será tanto mais complexo quanto mais nodos existam a competir. Para vencer a “corrida”, por forma a obter o hash de fecho do bloco, terá de resolver o mais depressa possível um problema matemático, o que exige poder computacional e, por conseguinte, consumo de energia – a razão do Bitcoin sofrer tantos “ataques”, como se o conjunto dos servidores da rede bancária não consumisse muito mais energia!

A resolução do problema matemático denomina-se “proof-of-work”; por esta razão, a mineração de Bitcoins é cara, não se obtendo novos tokens (bitcoins) com um simples apertar de um botão de computador ou pela simples impressão de papéis – notas de Euro, por exemplo-, sem qualquer custo. Existem alternativas a este método, como o “proof-of-stake”. Assim que um bloco é fechado, já não pode ser editado, modificado ou apagado, apenas consultado, nada mais, eliminando a fraude anteriormente mencionada. 

A rede Bitcoin funciona 24 horas e não depende de um terceiro – o banqueiro ou o Sacerdote da nossa história -, processando transferências entre endereços (wallets) a toda hora.

Em resumo, vamos enumerar os principais pontos:

  • A segurança do blockchain é muito superior ao registo dos bancos tradicionais, pois as “cópias de todos os extractos” está espalhada por milhões de computadores, em lugar de um número reduzido de servidores controlados por um banco, a entidade central;
  • Os custos são muito inferiores ao sistema bancário, não exige um Banco Central para “policiar” com milhares e milhares de funcionários, nem tão pouco um seguro de depósito que na verdade nada “segura”;
  • Nenhum nodo pode modificar ou apagar os blocos fechados e, por conseguinte, o histórico de transacções; mas já pode ser consultado, é público, bastando apenas uma ligação à Internet. Tal não acontece com o sistema bancário, que pode ser alterado, modificado ou apagado pelo banco, reguladores ou sistema judicial; 
  • Nenhuma autoridade logra penhorar um endereço (wallet) controlado por uma chave-privada na posse de uma pessoa, ao contrário de uma conta bancária, sujeita ao congelamento, bloqueio ou mesmo confisco das autoridades;
  • O blockchain, ao trabalhar com endereços, mantém o anonimato do dinheiro, pois não associa qualquer identidade a um dado endereço (wallet); o contrário do que acontece com o dinheiro digital oferecidos pelos bancos. Actualmente, a única excepção é a carteira Concordium (CCD), que associa uma identidade à carteira;
  • O blockchain funciona 24 horas e permite movimentar Bitcoins entre endereços, independentemente da geografia ou de questões políticas, como sanções a um dado país. O actual sistema bancário continua a funcionar com enormes limitações de horários e um país ou cidadão pode inocentemente ser sujeito às consequências de guerras e sanções económicas;
  • Uma rede será tanto mais segura quanto maior o número de nodos – concorrência – e o histórico que possui – maior poder computacional para apagar ou modificar…-, pelo que o Bitcoin vai-se tornando, cada dia, mais seguro e caro;
  • Por fim, não há dependência de terceiros: se eu possuir a chave-privada sou proprietário dos Bitcoins; no sistema bancário, estou sempre dependente de terceiros.

A única questão que se coloca não é se, mas quando iremos usar o Bitcoin como a moeda do mundo, devido ao facto da sua emissão ser independente do capricho de reguladores e utilizar uma tecnologia claramente superior: o blockchain.

Destaques Autor
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Luís Gomes