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Luís Gomes
Luís Gomes
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Há meses, escrevi um artigo sobre a possibilidade de surgir um Cisne Negro a qualquer momento; não sabia quando, podia ser este ano ou no próximo, ou mesmo em 2023. 

A expressão Cisne Negro foi usada no livro “The Black Swan: The Impact of the Highly Improbable” de Nassim Nicholas Taleb; trata-se de um evento imprevisível, além do que normalmente se espera de uma situação, com consequências potencialmente graves.

Venho afirmando que um possível colapso do sistema financeiro irá surgir a partir do mercado de dívida, em particular da dívida pública. Muita gente continua a dar atenção apenas a índices, matérias-primas, acções ou mesmo Criptomoedas, mas o problema, segundo a minha opinião, está no mercado de dívida: a maior bolha financeira da história da humanidade.

A tendência descendente das taxas de juro que vivemos desde o início dos anos 80, em que o então presidente da Reserva Federal norte-americana (FED), Paul Volcker, fez subir a taxa de financiamento da FED ao sistema bancário acima dos 20%, por forma a combater a elevada inflação que então se vivia, está a chegar ao fim ou já terminou.

Como podemos observar na Figura 1, a taxa de juro implícita das obrigações norte-americanas – emitidas pelo Estado Federal – com maturidade a 10 anos encontra-se há 4 décadas aproximadamente numa tendência descendente, desde os 12% a valores próximos de 0% durante 2020; desde então, está a subir, tendo rompido a referida linha de tendência descendente no final de 2021.

Esta queda sistemática das taxas de juro, em particular nos EUA, o país emissor da moeda reserva do mundo – Dólar norte-americano (USD) -, foi determinante para a valorização sistemática da maioria dos activos financeiros, em particular obrigações e acções do sector tecnológico.

Quando esta taxa de juro implícita se aproximou dos 0% (ver Figura 1), no início do segundo semestre de 2020, registou-se uma enorme subida da maioria das cotações dos principais activos financeiros: quem não se lembra da Criptomoeda Luna a subir mais de 10 mil % durante 2021? Ou a subida meteórica da Tesla?

Para ocorrer um Cisne Negro, o mercado de dívida terá de ficar descontrolado, ou seja, ter lugar uma subida repentina da taxa de juro implícita das obrigações norte-americanas com maturidade a 10 anos; aqui estará o sinal: de 3,5%, para 3,7%, 4,0% e por aí a fora. A velocidade será o mais importante; caso o processo seja rápido, poderá ocorrer um colapso dos mercados financeiros, com particular impacto nas obrigações e acções. Julgo que a crise de 2008 será considerada um passeio em comparação com o que se avizinha; e porquê?

Na Figura 2, podemos constatar que esta tendência descendente ininterrupta de 4 décadas das taxas de juro, gerou um endividamento público sem precedentes. Desde o final de 2019 ao presente, a dívida pública norte-americana subiu mais de 7 biliões de USD, encontrando-se hoje em 30,7 biliões de USD!

E por que motivo a subida dos juros é inevitável? Deve-se à inflação galopante que o mundo ocidental está a viver, fruto da emissão massiva de moeda, algo sem paralelo na história monetária. Os Bancos Centrais estão há anos, mas em particular desde o início da crise Covid-19, a comprar obrigações soberanas por contrapartida da emissão de moeda, por forma a financiar os enormes défices públicos dos governos.

Para combater esta inflação, os Bancos Centrais deparam-se com dois cenários: (i) continuar a comprar obrigações, mas acentuando o problema da inflação, atendendo que têm de emitir moeda; (ii) ou reduzir o tamanho dos seus balanços e subir as taxas de juro, provocando a queda abrupta do mercado de dívida pública, pois desaparece do mercado o principal comprador desta, os Bancos Centrais.

A subida das taxas de juro já está a fazer vítimas, em particular sobre os principais activos financeiros do mundo, com destaque para a queda de 11% do Euro frente ao USD; talvez a excepção, sejam as matérias-primas, em resultado da exclusão de um dos principais fornecedores mundiais, através de sanções, provocando um choque do lado da oferta.

Como podemos constatar na Figura 3, as Criptomoedas, seguidas dos índices norte-americanos, estão a registar fortes perdas no presente ano, depois de subidas meteóricas em 2021. Desde que os juros romperam a linha de tendência descendente, tal como explicado anteriormente, a queda iniciou-se e parece não ter fim.

A pergunta seguinte será: mas é seguro estar em Criptomoedas, quando tal cataclismo pode ocorrer? A resposta é sim, em particular o Bitcoin, que será certamente um importante valor refúgio para muitos investidores. O tempo irá verificar se tenho ou não razão. Que razões aponto? Aponto três.

Em primeiro lugar, recordemo-nos que o dinheiro não tem “asas”, estará sempre no bolso ou na conta bancária de alguém. Numa queda generalizada, com quedas catastróficas nas acções e obrigações, o dinheiro terá de encontrar um refúgio para onde se deslocar.

Tradicionalmente, os metais preciosos serviram de refúgio nestas situações, mas, atendendo ao controlo governamental destes mercados, onde o preço é formado em mercados de futuros centralizados, agora estes preços podem ser facilmente manipulados, visando não gerar alertas.

Em conclusão, julgo que esse dinheiro em fuga irá procurar refúgio em algo que não é controlado nem pelos governos nem pelos Bancos Centrais, como é o caso do Bitcoin.

Em segundo lugar, o risco sistémico que existe no sistema bancário, em face da queda generalizada do preço das obrigações. A maioria dos bancos comerciais verá os seus balanços de tal forma degradados, que irão ter expressivos problemas de liquidez, pelo que será importante ter parte do património em Criptomoedas, em lugar de depósitos bancários.

Mais uma vez, os problemas que a banca comercial viveu com a crise de 2008 foram uma “brincadeira de crianças” em comparação com o que se avizinha.

Em terceiro e último, de forma generalizada, os mercados de capitais deixaram de proporcionar retornos que compensem a inflação; esta situação será agravada na eventualidade de um cataclismo dos mercados. Desta forma, apenas os projectos de DeFi, através de StableCoins, podem compensar as perdas do poder aquisitivo geradas pela inflação galopante que vivemos.

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Luís Gomes