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Luís Gomes
Luís Gomes
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A prática de reservas fraccionadas existiu ao longo da história, muito antes da criação de moedas fiduciárias e Bancos Centrais.

Em que consiste? Se os depositantes solicitarem o levantamento dos seus depósitos em simultâneo, não existem reservas suficientes para satisfazer tal pedido. Por que razão tal prática sempre atraiu os banqueiros? Permite obter ganhos sem qualquer custo.

Vamos socorrer-nos de um exemplo. Vamos imaginar que o leitor tem 120 onças de ouro depositadas no Banco A e não necessita de 100 onças durante um ano, podendo conceder um crédito ao banco e, em troca, receber uma remuneração.

Este sacrifício tem um preço; acorda 5% ao ano com o banqueiro. Desta forma, no final do ano irá receber cinco onças (100 × 5%), podendo levantar 105 onças (capital e juros).

Para pagar ao leitor, o que terá de fazer o banco A? Neste caso, terá de realizar empréstimos a empresários ou particulares com uma taxa de juro superior, caso contrário, não obtém lucro com esta operação.

O seu objectivo é receber 10% ao ano. Caso corra tudo bem, emprestando as 100 onças, o banqueiro irá ganhar 10 onças no final do ano. Recebe 10 onças dos empréstimos concedidos e paga 5 onças ao leitor; um lucro de 5 onças.

Este negócio implica um risco para o depósito do leitor, pois o banco do nosso exemplo pode emprestar a alguém que não seja capaz de devolver o empréstimo (insolvência, falência…). Para o evitar, ao longo da história os banqueiros procuraram não só conhecer em detalhe a quem emprestavam, mas também fraccionavam em vários empréstimos os depósitos que recebiam.

No nosso exemplo, as 100 onças seriam fraccionadas, realizando-se vários empréstimos: 10 onças à pessoa A, 15 onças à empresa B, etc. Esta é uma regra que os investidores profissionais utilizam desde sempre: não colocar todos os ovos no mesmo cesto.

Ao longo da história, os banqueiros tentaram obter maiores margens desta actividade, através da prática de reservas fraccionadas. Desde cedo, os banqueiros se aperceberam que os clientes não levantavam os seus depósitos à ordem, acontecendo para apenas uma pequena fracção dos valores depositados.  

Vamos imaginar que apenas 10% dos clientes do Banco A convertem o seu extracto em notas emitidas por este banco, em resultado do prestígio e confiança decorrentes de vários anos em actividade. Apercebendo-se de tal fenómeno, o Banco A pode fazer um negócio fantástico: imprimir dinheiro do nada!

Supondo que o Banco A tem nos seus cofres 1000 onças de ouro, que correspondem a depósitos à ordem dos seus clientes: 500 em notas emitidas e em circulação e 500 registadas nos extractos.

Poderá, desta forma, realizar empréstimos a empresários e consumidores por valor de 9000 onças, imprimindo notas por contrapartida de empréstimos, passando a existir 10.000 unidades de substitutos do dinheiro: 9.500 em notas e 500 nos extractos bancários. Esta massa monetária em circulação está respaldada por apenas 1000 onças de ouro, precisamente a prática de reservas fraccionadas.

Quando em Agosto de 1971, o presidente norte-americano, Richard Nixon, encerrou oficialmente a conversibilidade do Dólar norte-americano (USD) em ouro, este perdeu o seu último vínculo com uma matéria-prima que se tinha tornado dinheiro. Tal evento inaugurou o poder do Banco Central para criar uma quantidade quase ilimitada de moeda.

Desta forma, o perigo de corridas aos bancos – quando os clientes se apercebiam que não existiam reservas que cobrissem os depósitos – tornou-se praticamente inexistente, já que mais dinheiro podia ser impresso para atender aos levantamentos. Foi assim inaugurado o sistema fiat, em que o dinheiro não é respaldado por nada, apenas um selo do governo a dizer: confie e não se esqueça que todos os comerciantes têm de aceitar e recebemos impostos apenas na nossa moeda.

Este evento trouxe um lado negativo: a enorme depreciação do USD, que perdeu 98% do seu valor frente ao ouro desde então, tal como podemos constatar na Figura 1. Em Agosto de 1971, 1000 USD valiam 728 gramas de ouro, hoje, valem apenas s 17 gramas de ouro.

Até ao aparecimento do Bitcoin, o sistema fiat era extremamente fácil de operar, já que um banco em apuros podia sempre ser resgatado por mais impressão de dinheiro por parte do Banco Central; este passou a decidir quem sobrevivia ou não. Quem não se recorda do BES que viu ser-lhe retirado o apoio do Banco Central e faliu em dias!

Uma das características do sistema monetário, tanto durante a vigência do ouro como divisa como agora, é a dificuldade em auditar as reservas de um dado banco, conhecer a sua saúde. Tal fica reservado para técnicos e especialistas do Banco Central; e quando acontece alguma coisa, é sempre um passa culpas. Em conclusão, conhecer as reservas do sistema é missão impossível.

Em contraste com este sistema, as redes baseadas na tecnologia blockchain, como é caso do Bitcoin, permitem auditabilidade ao sistema por qualquer pessoa com uma ligação à Internet.

Numa rede blockchain todos os tokens são armazenados em endereços. Cada endereço tem um conjunto de chaves públicas que são usadas para o identificar e receber tokens; também possui uma chave privada indispensável para o envio de tokens.

O livro-razão público (ledger) onde se registam os endereços proprietários dos tokens é actualizado em intervalos regulares, sempre que é criação de um novo bloco. Cada bloco contém um registo actualizado, podendo-se sempre consultar qual o endereço que possui um determinado token a qualquer momento.

Cada bloco baseia-se no registo do bloco anterior; essa ligação contínua forma o que definimos por “blockchain” – a tal cadeia de blocos. A existência de livro-razão partilhado publicamente significa que qualquer pessoa pode verificar quando um token específico foi movido e os tokens detidos por cada endereço.

O potencial de auditabilidade da tecnologia blockchain significa que os consumidores passam a poder exigir transparência em relação às reservas de um banco. Os bancos poderiam fornecer aos clientes um código para que pudessem verificar se os seus depósitos estão integralmente armazenados.

Além disso, os consumidores podem facilmente optar por deixar de utilizar os bancos, por meio da auto-custódia da sua própria Criptomoeda, como é o caso das hard wallets.

Por fim, uma moeda digital elimina todas as razões para usar substitutos de dinheiro, como ocorria com o padrão-ouro. De forma automática e rápida, a propriedade é transferida sem recurso a substitutos do dinheiro.

Em face de uma tecnologia tão superior é natural que o Bitcoin possa surgir como moeda reserva do mundo, dado que o abuso da prática de reservas fraccionadas está a destruir o nosso sistema monetário suportado em moedas fiat.

Em cada crise, a quantidade de moeda que é necessário imprimir para o resgatar é sempre muito superior à anterior crise. Na figura 2, podemos observar a impressão massiva do Banco Central norte-americano na crise de 2008 e na crise Covid-19 em 2020.

Quando os consumidores finalmente se aperceberem das fragilidades do actual sistema monetário, o Bitcoin vai seguramente emergir como a verdadeira reserva de valor, pois a prática de reservas fraccionadas está fortemente condicionada, em resultado da superioridade da tecnologia em que assenta.

Destaques Autor
img:Luís Gomes

Luís Gomes