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Luís Gomes
Luís Gomes
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No último dia 15 de Março, ocorreu uma importante votação na Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários da União Europeia; qual o ponto mais importante que estava na mesa? A proibição da actividade de mineração com base no proof-of-work. A decisão foi renhida: dos 59 membros, 30 votaram contra, 23 a favor, entre os quais dois deputados portugueses, e 6 abstiveram-se.

Foi uma importante decisão para a União Europeia, já que a indústria das Criptomoedas continua muito atrasada no Velho Continente face ao estágio de desenvolvimento da Ásia e América.

Porquê este permanente ataque às Criptomoedas? Uma das razões apontadas é o impacto ecológico da mineração proof-of-work, utilizada, entre outros, pelo Bitcoin e o Ethereum, as duas principais Criptomoedas do mundo – a primeira, com uma capitalização de 775 mil milhões de USD, a segunda com 336 mil milhões de USD (cotação de 17 de Março de 2022).

Como podemos observar na Figura 1, o consumo de energia da mineração relacionada com o Bitcoin representa apenas 0,13% do consumo global de energia. Como chegámos a este valor? Utilizando o relatório do AIE (Agência Internacional de Energia), através do seu relatório para 2021 – Key World Energy Statistics 2021- ; na página 6 temos que a produção mundial de energia para 2020, que foi de 606 EJ, o que corresponde a 168 milhares de biliões de Watts/hora (Wh); na página 36, temos o consumo de energia para 2021, que foi de 116 biliões de Wh; ou seja, o mundo desperdiça 31% da sua produção (52 biliões de Wh)! Com este aspecto ninguém parece estar preocupado! Por fim, consultando o índice da Universidade de Cambridge, o consumo de energia pelos mineradores de Bitcoin correspondeu a 0,1347 biliões de Wh (valor anual), o seja, 0,12% da energia consumida e 0,08% da energia produzida! Esta é a dimensão do histerismo.

Figura 1

Por outro lado, muito artigos (exemplo) alertam-nos para o “perigo” do proof-of-work para o planeta, escritos na maioria das vezes por pessoas com enormes conflitos de interesses; alguns trabalham para bancos centrais, os maiores interessados na manutenção do monopólio monetário que vivemos presentemente, outros para institutos públicos que alertam para a “peugada” ecológica do Bitcoin! Como demonstram os factos, a energia consumida pelo Bitcoin e o seu impacto é um não assunto, ou pelo menos deveria ser.

Mas não é só o consumo que é utilizado como arma de arremesso, também se servem de comparações intelectualmente desonestas, como por exemplo: “o Bitcoin consome mais energia que o Benim”. Efectivamente, o Benim consome 0,0013 biliões de Wh (ver página 60 do relatório Key World Energy Statistics 2021), enquanto os mineradores de Bitcoin 0,134 biliões de Wh, ou seja, cerca de 103 vezes! Ficamos a pensar: isto é algo perigoso, já supera 103 vezes a dimensão de um país!

Mas importa colocar as coisas em perspectiva: o PIB mundial em 2019 foi de 87,3 biliões de USD e o PIB do Benim, para o mesmo ano, foi de apenas 0,01439 biliões de USD, ou seja, representou 0,016% do PIB mundial; isto é 485 vezes menos o peso do Bitcoin no consumo mundial; parece que entra pelos olhos a dentro o ridículo destas comparações.

Por fim, também parece estar na moda a promoção do proof-of-stake, em lugar do proof-of-work. O primeiro é ecológico, o segundo a desgraça na terra.

O proof-of-work é um mecanismo de consenso que garante que grupos de mineradores possam desafiar colectivamente os mineradores desonestos – garantindo que nenhuma parte possa exercer controlo sobre os demais, ao mesmo tempo em que fornece uma distribuição justa e meritocrática das novas emissões.

Já o proof-of-stake assemelha-se a uma estrutura accionista, onde os detentores de mais “acções” têm todo o poder de voto, em particular os fundadores que pré-minam a “autoridade de controlo”, enquanto recebem dividendos. No caso do Bitcoin, os mineradores compram energia para tornar os ataques muito caros, protegendo os minoritários. Há alguma coisa que construamos que não implique energia; até a nossa força laboral, onde temos de comer para trabalhar. Com o Bitcoin é igual.

A elevada volatilidade e o a baixa liquidez são outro dos argumentos para “atacar” as Criptomoedas. Efectivamente, o Bitcoin desde 1 de Janeiro de 2021 teve uma volatilidade elevada, medida através do desvio-padrão: 79% (utilizando retornos diários); em contraponto, por exemplo, o índice S&P 500 teve um desvio-padrão anual de 15%, 5 vezes inferior. Apesar disso, ninguém fala dos derivados dos índices S&P 500, como por exemplo, os CFDs, os Futuros e as Opções, que multiplicam este risco por 10 e 20 vezes, superando em muito a volatilidade do Bitcoin. Apesar disso, ainda ninguém se recordou de ameaçar a proibição da sua negociação.

Em relação à baixa liquidez, em particular de Criptomoedas menos conhecidas, podemos compará-las com as “penny stocks” norte-americanas; estas podem ser negociadas em qualquer corretora. Quem deseja baixa liquidez e elevada volatilidade aqui tem um prato forte. Também ninguém se recordou de as proibir, nem tão pouco é considerado um produto financeiro de risco!

Outro dos aspectos “negativos” é a promoção de negócios ilícitos e a lavagem de dinheiro. Segundo o relatório da Chainalysis, o volume transaccionado de Criptomoedas para endereços relacionados com actividades ilícitas foi apenas 0,15% do total, deitando por terra o mito da utilização das Criptomoedas para tal fim. Por outro lado, a esmagadora maioria da lavagem de dinheiro é realizada com dinheiro físico. Apenas um “louco vai utilizar as Criptomoedas para tal desiderato, tendo em conta a transparência do seu livro-razão – onde constam todos os movimentos, a origem e o destino -, que pode ser consultado e auditado por qualquer pessoa.

Por fim: a ameaça à estabilidade financeira. Em primeiro lugar, de que forma se lança tal risco? Qual a sua efectiva dimensão? Importa recordar que a capitalização bolsista de todas as Criptomoedas está em torno de 1,8 biliões de USD (dia 17 de Março), enquanto a Apple, para o mesmo dia, tem uma capitalização bolsista de 2,6 biliões de USD, cerca de 1,44 vezes todas as Criptomoedas, uma única empresa vs. todas as Criptomoedas. Este último argumento é utilizado apenas por defensores de um monopólio monetário, em que se opera uma enorme repressão financeira sobre os aforradores, que são remunerados a taxa 0% pelas poupanças obtidas numa vida; tal não acontece com os vários projectos DeFi, que utilizam StableCoins, como o USDT, o USDC e o UST, permitindo obter rendibilidades de 10 e 20% ao ano, algo impensável para o sistema bancário nos dias de hoje. Este suposto “risco sistémico” das Criptomoedas é um indicador do “nervosismo” do sistema bancário tradicional face à remuneração e transparência das Criptomoedas.

O sucesso desta indústria ainda vai ter que superar muitos obstáculos: hoje, é o maior farol de liberdade financeira.

Destaques Autor
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Luís Gomes